BIOGRAFIA
atualmente, minha bioautografia é mais ou menos assim:
nasci em guaíba, no final de 60, 1967, e por não ter podido participar do tudo absoluto que nesta década aconteceu, padeço de uma melancolia que penso ser incurável.
meus pais foram sempre o melhor para mim e depois que deixaram de ser meus super-heróis, lá no início da minha adolescência, me ensinaram com seus acertos e erros o que é a vida. como naquelas priscas eras a gente entrava na adolescência lá pelos 14, 15 anos, tive bastante tempo para me fortalecer e enfrentar o que é inevitável.
literatura eu aprendi na infância a amar e respeitar - como um casamento eterno e feliz - instigada pelos livros que sempre ocupavam as mãos do meu pai e dos quais ele falava constantemente. literatura, história ou outro assunto eram comentados com reverência e empolgação e eu me apaixonei pela escrita e por aqueles "sábios de papel e tinta" que foram e vão me formatando.
e foi na adolescência, por culpa da tia mari que morava lá em casa e que eu tinha por profissão imitar, que as artes e principalmente a música entraram na minha vida pra valer. ela, o tio nenê e os amigos deles, que eu adorava ficar ouvindo falar, traziam sempre muitas informações e esse mundo tornou-se fascinante pra mim. de música, eu só queria saber da brasileira, adorava teatro e cinema. muitas vezes não entendia quase nada do que estava recebendo, mas adorava.
como tenho uma mãe absolutamente musical e afinadíssima, que tocava acordeão e hoje dedilha o teclado, achei muito justo investir no canto. de instrumento só me interessava o piano e eu fui absurdamente desencorajada a tocá-lo na infância . com alguns amigos, iniciamos um grupo musical; era 1983. em 1984, fui estudar canto lírico com a professora mirtes landes, em porto alegre. em 1986, fiz meu primeiro show individual. depois de três anos no canto lírico, passei a estudar técnica da voz e interpretação com os professores dea e delmar mancuso.
e saí cantando por aí e a música foi me levando, como só a música sabe levar a vida de uma pessoa. e o que me trouxe, e os amigos que me trouxe e me traz, fazem com que eu não deseje nem um minuto ser outra pessoa.
aos 19 entrei na faculdade de publicidade e propaganda e minha história com a escrita aflorou completamente: tornei-me redatora. preferencialmente com lápis e borracha (desculpem os modernos, mas usar lápis e borracha é milhões de vezes mais bonito e romântico que apertar teclas), trabalhar uma frase, um texto, uma novela, escrever e reescrever são exercícios que amo fazer e que nunca me cansam.
mas a coisa não parou por aí e também descobri cedo o prazer da colagem. juntar pedacinhos em um quebra cabeças idealizado por mim é, junto com cantar e escrever, grande parte do que me faz caminhar. olho para figuras, para cores, para texturas como possibilidades e gosto de reinventá-las, as tramando em novas mensagens, aumentando o seu tempo neste tempo tão perene em que vivemos.
barroca, inconstante, mutante, renascentista, metida, doida? não sei, não tenho a pretensão de saber a verdade ou me traduzir. (-será arte? pergunta-se ferreira gullar.) vivo buscando e, assim, em movimento, que é o que a mim interessa.
ao fim, penso que registrar é o que gosto. por que cantar, escrever e colar nada mais são do que registros e, angústia de todos nós, uma tentativa de nos perenizar um pouco. se através do que produzimos conseguirmos proporcionar para alguém um sorriso, um minuto de alegria, uma imagem que faça transcender e até um canto que afaste a dor, valeu a pena.
mas depois de 25 de junho de 2009, o que faço de mais importante é amar e cuidar da minha filha francis, meu maior romance.
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